sexta-feira, 7 de março de 2014

EXploSÃO

Minha cabeça latejava e fui até o armário do banheiro procurar alguns comprimidos. Franzia a testa e cerrava os olhos para evitar a luz. Explodia-me a cabeça.

Quando consegui finalmente chegar ao armário, já não podia enxergar o suficiente para ler os rótulos dos medicamentos. Havia uma chuva prateada em minha visão.
Respirei fundo, tentei acalmar e esforcei-me para tentar lembrar quais as embalagens poderiam ser analgésicos.

Não descobri.

Bati a porta do armário e escorreguei esmorecendo até o chão.
Este desespero me tomava.
As lágrimas brotavam incessantementeArrastei-me até o box e liguei o chuveiro.

O barulho da água batendo no chão e rebatendo na parede era ensurdecedor para mim.
Ainda sentada no chão, apoiava-me na parede para tirar as roupas.

A camiseta me dava mais trabalho, pois cada vez que tentava passá-la pelo pescoço, tonteava. Apoiei um braço na parede e com o outro, a puxei para cima de uma só vez, tão abruptamente que bati a cabeça no azulejo.

Fechei os olhos, pensando se aquilo tudo não acabaria. Engatinhei até o chuveiro e senti a água morna, lavando meu corpo e pesando na minha cabeça, cada gota que caia, parecia uma martelada que me aplicavam.
Fui deixando a água me cravar... ainda sentada, abaixei a cabeça e adormeci.

Acordei subitamente, assustada e percebi que estava na cama, coberta por um lençol. A cabeça ainda latejava um pouco. Foi aí que o vi passando porta adentro e me sorrir. Aproximou-se da cama e disse que logo que ouvira meu recado, correu pra casa e me encontrou dormindo no box. 

Preocupo-se com o corte que viu em minha testa. Eu, por sinal, não havia percebido. Secou, fez-me um curativo e, não me pergunte como, levou até a cama, cobriu-me e velou meu sono.
Sorri de volta, passando a mão na testa verificando o band-Aid. Olhei minha mão direta, e o brilho do solitário que ainda estava no dedo anelar.
Vi que trazia aspirinas e chá. Sentou-se ao meu lado na cama, repousei a cabeça no seu colo. E enquanto afagava meus cabelos, eu sentia o calor da felicidade se aproximando...

Quanta sorte tenho, pensava insistentemente. O que explode agora é a certeza de alguma cumplicidade.
O amor - que nunca tive - agora toma conta do meu ser.

BC*

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